Curiosidades
A vida daqui a dez anos
O que esperar da capacidade inventiva do homem na próxima década? O jornalista Ethevaldo Siqueira, em seu livro 2015: como viveremos, apresenta uma série de previsões interessantes. Não se trata de ficção, muito menos de profecia, como esclarece. As inovações tecnológicas e seus impactos daqui a dez anos baseiam-se em entrevistas efetuadas com mais de 50 cientistas, escritores, pesquisadores e futurólogos do Brasil e do mundo, gente do porte de Bill Gates (Microsoft) e Horst Stömer (Prêmio Nobel de Física em 1998).
Em edição primorosa e bem ilustrada, 2015 aborda as modificações que o desenvolvimento tecnológico provocará na casa, na escola, no trabalho, na comunicação, no lazer, na indústria, no governo e na sociedade. Os moradores da casa inteligente, por exemplo, falarão com as portas, a geladeira, o forno de microondas e outras máquinas. Na hiperescola, as salas de aula serão diretamente conectadas a diversas fontes de referência e contarão com a TV Digital, que oferecerá recursos audiovisuais extraordinários.
No escritório do futuro, concebido pelos centros de pesquisa da Microsoft, fazem parte do cenário monitores triplos em cada terminal, telões de cristal líquido e periféricos totalmente interconectados sem fio. Mas a grande tendência é o teletrabalho: cada vez mais as pessoas passarão a trabalhar em suas residências. O entretenimento contará com o turismo virtual e supervideogames, alguns com funções educativas, como programas de treinamento que aliam ensino e diversão.
Para demonstrar melhor a evolução dos sistemas de informação, Siqueira criou um casal imaginário. Numa situação hipotética, Daniel e Bárbara trabalham numa sala especial de sua casa, onde a completa infra-estrutura permite que desenvolvam suas atividades profissionais com total independência – o Multicom. Trata-se de um terminal múltiplo que associa e controla praticamente todas as formas de comunicação disponíveis: Internet de alta velocidade a 50 megabits por segundo, TV por assinatura, bancos de dados especializados e video-on-demand (VoD), uma espécie de telecinema eletrônico à la carte, são apenas algumas.
Inevitavelmente, o futuro da cidade onde vive o casal – São Paulo – também é revelado. Na realidade cotidiana do teletrabalho, os milhões de habitantes da capital paulista já não precisarão se deslocar diariamente, o que evitará as ruas congestionadas. “Neste ano de 2015, São Paulo superou o risco de colapso de seu trânsito”, antecipa o autor, levantando, ainda, a possibilidade de um dia de folga a mais na semana, que pode ser dedicado ao aprimoramento pessoal – cursos, estudos etc.
O balanço final é positivo. Todos estarão mais interligados pelas comunicações e pela informação. O Brasil terá cobertura total de redes de fibra ótica e 60% dos brasileiros serão usuários de Internet gratuita. Além disso, Siqueira acredita que “vale a pena sonhar com o incrível potencial de benefícios que as comunicações via Web oferecem”. Ele cita uma frase de Roquete-Pinto, na ocasião do anúncio da invenção do rádio, por Marconi, em 1920: “A paz se tornará realidade entre as nações. Pelas ondas do éter, todos os lares do Brasil receberão, a partir de agora, o conforto moral da ciência e da arte.”