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Especial DVD

Na garupa do jovem Che

Em 1952, aos 23 anos, o estudante de Medicina Ernesto Guevara embarca para uma longa viagem pela América Latina junto com seu amigo Alberto Granado, um bioquímico de 29 anos. Partindo de sua terra natal, a Argentina, a bordo de “La Poderosa”, uma moto Norton 500 de 1939, os dois pretendem percorrer 8 mil quilômetros em oito meses e chegar ao Leprosário San Pablo, na Amazônia peruana. As experiências vividas nesse percurso seriam determinantes para o despertar do futuro líder revolucionário “Che”.

Repleto de imagens belas e sensíveis, Diários de motocicleta, do diretor Walter Salles, mostra Che Guevara dois anos antes de seu encontro com Fidel Castro e sete anos antes da vitória da Revolução Cubana, ocorrida em 1959. Jovem e idealista, ele buscava, em companhia do amigo, desvendar a complexa geografia física e humana da América do Sul. Acabou deparando com uma triste realidade social e econômica, o que mudou completamente sua percepção do mundo e da vida.

Granado, hoje com 86 anos, declarou a Salles: “Como a maioria dos argentinos daquela época, sabíamos mais sobre os gregos e os fenícios do que sobre os incas. Não sabíamos onde ficava Machu Picchu”. A declaração definiria o rumo do filme. O roteirista Jose Rivera estava ciente de que o jovem Ernesto de Diários não deveria ser confundido com a imagem mítica atribuída posteriormente ao “Che”.

O elenco conta com a participação de atores de diversos países, como Argentina, Chile e Peru. O argentino Rodrigo de la Serna, como intérprete de Granado, foi uma das boas revelações. “A semelhança física é impressionante, mas esse não foi o motivo pelo qual o escolhemos. Rodrigo é um jovem ator na tradição de grandes astros italianos, como Vittorio Gassman e Alberto Sordi”, afirmou Salles. E uma feliz coincidência, descoberta após a escalação de De la Serna: ele é primo de segundo grau de Ernesto Guevara.

Outro grande destaque fica a cargo do mexicano Gael García Bernal, no papel de Che. Sobre o ator, Salles disse: “Gael foi um dos principais catalisadores nessa aventura cinematográfica. Pesquisou incansavelmente durante meses. Fazia-nos ir em frente quando estávamos exaustos. Sempre inspirado e disposto a tentar caminhos diferentes. E, como Ernesto, também estava pronto para cruzar o rio Amazonas a nado, contra a corrente.” O resultado é emocionante.