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A revitalização do Centro  Histórico de Santos acaba de ganhar um "novo" 
aliado.  Trata-se do  bonde elétrico da década de 20, que passou por um 
detalhado trabalho de  recuperação em que foram respeitadas suas 
características originais.   Assim, a cidade do litoral paulista passa a ser a 
segunda do País a resgatar a  relíquia – o Rio de Janeiro tem os bondes de 
Santa Teresa.   
        Motorneiros e condutores dos  bondes antigos, que circularam por lá até 1971, 
        servirão de guias turísticos  nos fins de semana e feriados.  Trajando roupas 
        da época, eles irão não só  contar histórias daquele tempo, mas trazer charme 
        ao passeio.  O trajeto, de 1,7 quilômetro,  permite ver de perto a beleza arquitetônica de 
        prédios que datam da fundação  da Vila de Santos (1545), restaurados por um 
        projeto iniciado em 1996, o  Cores da Cidade.   
        Passa-se também por ruas que  um dia desempenharam papel importante na 
        História brasileira.   Caso da 15 de Novembro – que já foi chamada de Wall 
        Street santista –, local das  negociações do café no início do século.   
        A Praça Mauá é o ponto de  partida.  Ali localiza-se o Palácio José Bonifácio, 
        hoje sede da prefeitura,  inaugurado em 1939 pelo presidente Getúlio Vargas.  
O prédio de linhas clássicas tem lustres em cristal da Boêmia, acabamento em mármore italiano e jacarandá-da-baía. Nesta praça estão também o Marco Zero da cidade – o primeiro do Estado, inaugurado em 1940 – e um imenso jardim.
Além de uma loja da rede  McDonald's instalada num prédio antigo.  
        Pouco adiante no percurso, na  Praça Rui Barbosa, há um monumento que 
        homenageia o santista  Bartolomeu de Gusmão, inventor do balão e conhecido 
        como o "Padre  Voador".  Mas o grande destaque do local é a bela Igreja de 
        Nossa Senhora do Rosário, uma  das mais antigas de Santos.  Tem sua nave em 
        mármore colorido e uma  coleção de imagens sacras que valem a visita.  Segundo 
        relatos históricos, esta era  a única igreja em que se permitia o acesso de 
        escravos.   
 Azulejos portugueses 
        
        Na Rua do Comércio, mais um  deleite para os olhos do turista: prédios 
        imperiais, alguns exibindo  azulejos em alto-relevo de Portugal.  Assim é a 
        Casa da Frontaria Azulejada,  de 1865, considerada uma jóia arquitetônica em 
        estilo neoclássico, que abriga  parte do acervo da Fundação Arquivo e Memória 
        de Santos.  
Seguindo em direção ao cais do Porto de Santos, chega-se à Igreja de Santo Antônio do Valongo, de 1640, erguida pela Ordem III de São Francisco da Penitência, que também construiu, em 1691, uma capela perpendicular. Essas edificações, com fachada barroca, constituem um dos mais expressivos exemplos do estilo do século 18. Em seu interior podem ser vistas valiosas obras de arte, como o Cristo Místico de Seis Asas.
 Bolsa do Café  
        Andar pelas ruas do centro  santista é uma experiência proveitosa para quem 
        se interessa por História e  arquitetura.  Os prédios antigos – reformados ou 
        não – remetem à época em que  Santos era a maior praça cafeeira do mundo.  Um 
        marco dessa fase áurea é o Palácio  da Bolsa Oficial de Café (na esquina das 
        Ruas 15 de Novembro e Frei  Gaspar), outra parada do bonde.   
        Inaugurada em 1922 e  totalmente reformada em 1998, a construção abriga o 
        Museu dos Cafés do Brasil, o  primeiro dedicado à memória do comércio do 
        produto.  Seu projeto  arquitetônico é francês, inspirado na Renascença 
        italiana e, na primeira  década deste século, venceu o Salão de Arquitetura 
        de Paris.  O material  utilizado veio de diversos países: pisos de cerâmica da 
        França, mármores italianos,  espanhol e grego, cimento e ferro ingleses e 
        ladrilhos da Alemanha – tudo  para que a riqueza do período fosse fielmente 
        retratada.   
 Para recepcionar os  visitantes foi criada uma moderna estrutura que conta 
        com um Centro de Preparação  de Café, onde há uma máquina pioneira de 
        torrefação da década de 20,  além de biblioteca, arquivo e a recém-inaugurada 
        Cafeteria do Museu.   Ali, pode-se saborear um cardápio de pães, doces e 
        salgados, e bebidas à base de  café, é claro. É possível escolher o tipo de 
        grão que se pretende torrar,  provar ou levar.  Uma dica é a mousse de café, 
        deliciosa.  Além disso,  há uma charmosa área com mesas onde o visitante pode 
        ler jornais, revistas e  publicações sobre café. A proposta é atrair não só 
        turistas, mas pessoas que  circulam todos os dias pelo centro, com happy 
        hours e encontros musicais.   
 Como vizinhos, na Rua 15 de  Novembro, a Bolsa do Café tem a Associação 
        Comercial e a Câmara  Municipal, esta última situada no local onde nasceu o 
        patriarca da Independência,  José Bonifácio de Andrada e Silva.  Os dois 
        prédios rendem boas fotos  pela imponência de sua arquitetura.   
        Irmãos Andrada  
        De volta ao bonde, em mais  uma praça, a do Barão do Rio Branco, encontra-se 
        o Panteão dos Andradas, jazigo  das cinzas de Andrada e Silva e de seus 
        irmãos Antonio Carlos, Martim  Francisco e padre Patrício Manuel.  Inaugurado 
        em 7 de setembro de 1926, foi  tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio 
        Santista (Condepasa) em 1993.   Seu templo cívico, feito em mármore, tem 
        quadros em bronze com cenas  da História do Brasil e a inscrição de frases 
        dos irmãos Andrada.    
 Ainda na praça, chamam a  atenção as Igrejas do Carmo, obras dos padres
        carmelitas, iniciadas em  1599.  Uma delas, com convento, esbanja o estilo 
        barroco, cadeirado em  jacarandá e peças de Benedito Calixto.  No pátio, 
        lápides funerárias do século  19 e o Marco dos Evangelistas.  Na missa das 11h 
        de todo segundo domingo do  mês pode-se apreciar canto gregoriano.   
        O circuito feito pelo bonde  acaba por aí.  No entanto, quem tiver interesse e 
        um pouco de disposição pode  visitar outras atrações históricas bem próximas 
        do ponto de parada.   Como o Museu de Arte Sacra, no Morro do São Bento, com 
        um acervo de aproximadamente  400 peças, e o famoso Monte Serrat – cujo nome 
        presta homenagem à padroeira  da cidade –, com um bondinho que leva ao topo, de onde se tem uma vista panorâmica do  balneário.