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Filmografia - Bernardo Bertolucci

Poesia nas telas

Há um dado na biografia do cineasta italiano Bernardo Bertolucci que pode passar despercebido: antes de se dedicar ao cinema, o diretor destacou-se como poeta. Essa informação diz muito sobre seu estilo de filmar. Sua câmera tem vida própria, passeia livremente pelas cenas, ora se aproximando, ora se distanciando dos personagens de modo inesperado, trazendo luz, colorido, formas e música à tela.

Nascido em Parma, no ano de 1940, Bertolucci demonstrou ainda jovem sua sensibilidade inata ao escrever o livro Em busca do mistério, que lhe rendeu o Viareggio, um dos mais importantes prêmios literários da Itália. Na Universidade de Roma, onde estudou, foi assistente de Pier Paolo Pasolini em Accatone – Desajuste social, de 1961. No ano seguinte, interrompeu os estudos e estreou na direção de longas-metragens com La Commare Secca.

Depois veio Antes da revolução, retrato emblemático da juventude revolucionária dos anos 1960, que foi indicado ao Oscar de melhor roteiro e ganhou  destaque  no  Festival  de  Cannes  de  1964. Em  1970, o cineasta fez duas adaptações literárias importantes: A estratégia da aranha, a partir do texto de Jorge Luís Borges, e O conformista, de Alberto Moravia. Ambos agradaram à crítica e lhe garantiram prestígio internacional.

A consagração definitiva de seu talento pode ser atribuída ao ousado e polêmico Último tango em Paris (1972), sua obra-prima. Nele, Marlon Brando e Maria Schneider vivem dois amantes que, dentro de um apartamento, buscam satisfazer seus desejos sexuais. Seguiram-se 1900, sobre a história da Itália na primeira metade do século 20, e o denso La Luna.

O diretor italiano retomou as grandes produções em 1987 com O último imperador, merecedor de nove Oscars. E, na década de 90, usou seu apurado senso estético para relatar conflitos pessoais de ressonância universal: O céu que nos protege (1990), com John Malkovich e Debra Winger, e Beleza roubada (1996), com Liv Tyler e Jeremy Irons. O último filme, Os sonhadores, chegou a ser comparado pelos críticos ao inesquecível Último tango em Paris, confirmando o que já se sabia: o cineasta é mesmo um poeta das imagens.