Fútil
Banal, frívolo, insignificante, leviano, vão. É assim que eu vejo hoje, agora, nesse momento o mundo. Ser uma florzinha, um doce de candura, uma tetéia - tudo isso é inútil. Por que ser legal? Pra que ser simpática? Quase ninguém merece isso de você. Pior: nem espera que assim aconteça. É besteira pensar que temos de agir conforme a regra para sermos aceitos. As regras que se fodam.
Tô com vontade de chutar cachorro. E olha que eu adoro animais. Cuspir na rua, catarrar no poste, atirar latas de refrigerante pela janela do carro, arremessar e ver espatifar um ovo na entrada do meu prédio. Quero ver feder a porra toda. Aliás, vou inventar um dispositivo de devolução automática e instantânea da secreção masculina na hora H. "O que que eu faço com isso?" Pá! Tó, pega de volta! Direto no meio da testa.
Sorrir pra quê? Falar coisas bonitas por quê? Vá comprar Sabrina na banca! O que eu posso oferecer, daqui por diante, é pisão no calo, verdades nuas e cruas, as mais cruéis, palavrão, muito palavrão, todo tipo de ofensa. Tô a fim de ser terrível. Do tipo que dá medo. Quero ver lágrimas caindo, baixo-astral, gente se afogando no lodo. Merda em todos os ventiladores que existem no planeta.
Não quero consolo, desculpa esfarrapada, mentirinha boba, panos quentes, perdão. Somos um bando de seres imperfeitos fazendo pose de todo-poderoso. Coitada da gente. Que pena que a gente não vai dar certo mesmo. Quem sabe na próxima encarnação? Quem me garante essa bobagem? Não vem que não tem, não me engana porque eu não gosto.
Já tão com raiva de mim? Provoquei nojo? Ou "ai, tadinha"? Que se e-x-p-l-o-d-a! Não é nada pessoal, só não mexe nem brinca comigo. E some da minha frente.
Quinta-feira, Setembro 22, 2005