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Polêmico

Amores obsessivos

Closer, ou Perto demais, na definição do produtor John Calley, é um filme romântico e perigoso, assim como muitos relacionamentos contemporâneos, “nos quais os inícios são tão emocionantes e carregados de alta voltagem que o processo de apaixonar-se pode se tornar um vício”. A estranha combinação de romance e perigo vale para delinear seus quatro complexos personagens – Anna, Dan, Alice e Larry.

Caminhando pela rua, Dan (Jude Law), um aspirante a escritor que vive de seu trabalho na seção de obituários de um jornal, cruza olhares com Alice (Natalie Portman), norte-americana recém-chegada a Londres. Desacostumada à mão invertida do trânsito, a garota é atropelada por um táxi, e, por causa do incidente, os dois acabam se conhecendo, o que desencadeia o primeiro flerte da história.

Um salto no tempo traz à trama a fotógrafa Anna (Julia Roberts) e o dermatologista Larry (Clive Owen). A capital inglesa, sob uma ótica bem atual, serve de pano de fundo para que, com o passar dos anos, o quarteto se envolva cada vez mais, vivendo situações inusitadas. Dentro de um contexto realista, sem meias-verdades, são expostos os conflitos e confrontos que envolvem os relacionamentos amorosos. O premiado diretor Mike Nichols – de Quem tem medo de Virginia Woolf?, A primeira noite de um homem, Uma secretária de futuro, Lembranças de Hollywood, A gaiola das loucas e Angels in America – não faz concessões e confere um tom de intimidade ainda maior à filmagem por meio de diálogos ousados e ágeis.

“Eu não consigo tirar os olhos de você”. Como anuncia o refrão da belíssima canção-tema The Blower’s Daughter, do cantor e compositor irlandês Damien Rice, tudo gira em torno de variações sobre o mesmo tema – o amor obsessivo. O texto baseia-se numa peça teatral de Patrick Marber (que também assina o roteiro cinematográfico), sucesso nos palcos londrinos em 1997 e protagonizada no Brasil por Renata Sorrah, sob direção de Hector Babenco. De conteúdo polêmico, o filme foi indicado ao Oscar nas categorias Melhor Ator Coadjuvante (Clive Owen) e Melhor Atriz Coadjuvante (Natalie Portman). A densidade dos dois personagens propicia uma identificação maior do público, deixando claro que não há como ficar impassível diante de Closer.