Ir ao médico antes de embarcar? Sim, para garantir uma boa viagem
Ninguém gosta de associar viagem a problemas, ainda mais de saúde. No entanto, é bom ficar atento: há destinos que apresentam riscos de doenças. É importante, nesse caso, prevenir-se antes de embarcar. Mas a quem recorrer? Desde janeiro, o Hospital das Clínicas (HC) tem um ambulatório para orientar a pessoa que viaja a trabalho ou a lazer.
Para saber que precaução tomar, é necessário estudar detalhadamente não só o roteiro programado, mas também o alojamento e a comida disponíveis, além do tempo que se pretende ficar. É o que alerta a infectologista responsável pelo Ambulatório dos Viajantes do HC, Eliana Battagia Gutierrez. "Um executivo que viaja a negócios e vai hospedar-se num hotel corre bem menos risco que um missionário num acampamento", explica. Entretanto, "há diversas medidas universais que devem ser seguidas", completa a médica.
Riscos e vacinas
Frustrando as expectativas dos médicos envolvidos no projeto, a procura por
tratamento depois de contraída alguma enfermidade é maior que a por
informação. Ainda assim, o ambulatório oferece um serviço de orientação
completo aos interessados, que podem ligar e agendar um horário para ir até
lá. Recomendam-se três a quatro semanas de antecedência, pois é o período
necessário para que as vacinas tenham efeito.
Os médicos analisam o mapa de epidemias (que se modifica freqüentemente) para avaliar os riscos no local e indicar os cuidados a serem tomados e, se for o caso, a vacina necessária para as endemias incidentes na região visitada. E estudam o estado atual de saúde do viajante.
Outra boa opção, segundo a médica do HC, é procurar o site do guia Lonely Planet (www.lonelyplanet.com), que traz dicas úteis de saúde para viagem.
Apesar de epidemias como dengue, malária e febre amarela serem motivo de preocupação, os acidentes são o responsável número um pela morte de turistas, de acordo com relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS). Na lista, estão ainda o mal das alturas e o tromboembolismo venoso (conhecido como "síndrome da classe econômica", causado por um longo período sem movimentação).
Infecções também são um grande problema. Segundo o mesmo relatório da OMS, metade das pessoas tem pelo menos uma diarréia por viagem. As doenças sexualmente transmissíveis (DST) costumam ser contraídas em viagens. Entre elas, a hepatite B, mais transmissível pelo sexo que o HIV.
Os lugares mais críticos em relação a doenças endêmicas são os que apresentam condições de saneamento ruins ou abrigam região de mata silvestre (ou, pior, ambas as coisas). África, Ásia e Américas do Sul e Central estão entre os continentes mais atingidos. No Brasil, a Bacia Amazônica e o Centro-Oeste possuem os focos mais constantes e graves de epidemias.
Ecoturistas e pescadores devem ter cuidado especial. Correm alto risco de contrair doenças pelo contato direto com a natureza, e os índices de incidência vêm crescendo cada vez mais. Mas, para turistas em geral, o sensato é ver se a viagem oferece perigos e informar-se. Daí, tomar as medidas necessárias e não deixar o que era para ser trabalho ou diversão virar um drama.