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Especial DVD

Imortal Ray Charles

Jamie Foxx merecidamente ganhou o Oscar 2005 pela interpretação magistral e fidedigna do grande astro da música Ray Charles. Ao assisti-lo em Ray, é possível que o espectador se esqueça de que ali, à frente do piano, está o ator, e não o ícone. Foxx dá um show e se revela o grande destaque do filme. Mas deu duro para conseguir a vaga.

Um dos pré-requisitos era, além da semelhança física, dominar os teclados que o músico tão bem tocava. Entretanto, havia uma exigência mais difícil e decisiva: passar pelo crivo do próprio Ray Charles, que já havia recusado muitos outros candidatos. Sabe-se que, durante o teste, Foxx ia bem no piano quando errou uma nota. Na mesma hora, o mestre interrompeu a apresentação, anunciando, em seguida, que o ator escolhido era ele, mas que treinasse muito para não repetir o erro.

Para fazer jus à honra de interpretar um dos maiores nomes da música, durante um mês – e mesmo fora do set de filmagem –, Foxx adotou uma prótese que mantinha seus olhos tapados. Era preciso aprender como se comporta um cego, entender como Ray convivia com a cegueira desde os 7 anos de idade. Além disso, ele teve de perder vários quilos, desenvolver técnicas para dublar as canções e mergulhar fundo na obra do compositor.

Nascido em 1932, nos subúrbios de Albany, no estado norte-americano da Geórgia, Ray Charles teve uma infância pobre e passou por muitas dificuldades. Em várias ocasiões, enfrentou preconceitos raciais e também em função de sua deficiência. Mas os obstáculos não o impediram de atingir a fama: a cada show, ele reafirmava seu talento excepcional. O filme enfoca ainda seu casamento com Della Bea – presença forte em sua vida –, seus casos de amor tempestuosos e a dependência de heroína, contra a qual lutou durante 20 anos. O músico morreu no ano passado, aos 73 anos, logo após a conclusão das filmagens.

Do diretor Taylor Hackford (de O advogado do diabo), Ray inclui gravações originais de canções do pianista e conquistou um segundo Oscar, o de melhor mixagem de som. O público confere na tela a contagiante mistura de ritmos gospel, country e jazz criada pelo brilhante compositor Ray Charles. Era um dom nato, como ele mesmo declarava: “Música, para mim, é como respirar – eu tenho de fazê-lo.”